Diplomado em Arte e Design distinguido com menção honrosa no World Sports Photography Awards

Rafael Ferreira, diplomado em Arte e Design pela Escola Superior de Educação do Politécnico de Coimbra, foi distinguido com uma menção honrosa na categoria de Desportos Aquático nos World Sports Photography Awards 2025. A distinção foi atribuída a uma fotografia captada no decorrer do WSL Tudor Nazaré Big Wave Challenge, realizado em janeiro de 2024, retratando a surfista Maya Gabeira.

Para Rafael Ferreira, a foto agora distinguida representa “a pequenez do ser humano em relação ao oceano e à natureza no geral” e competiu na mesma categoria em que foi vencedor Jerome Brouillet, autor da icónica fotografia do surfista brasileiro Gabriel Medina durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Esta edição de World Sports Photography Awards 2025 contou com a participação de mais de 2.200 fotógrafos desportivos profissionais, de 96 países, com mais de 13.000 imagens de mais de 60 desportos diferentes.

Rafael Ferreira, atualmente fotógrafo freelancer e membro oficial da equipa de media do Campeonato do Mundo de Motocross (MXGP), já participou em edições anteriores da competição, tendo sido finalista na categoria de desportos de raquetes em 2023 de Desportos Motorizados em 2024.

Esta distinção representa mais um passo importante na carreira de Rafael Ferreira, que deixou a indústria do design de produto em 2022, para se dedicar integralmente à fotografia.

 

Como surgiu a oportunidade de participar no World Sports Photography Awards?

Os WSPA são um concurso aberto a fotógrafos de todo o Mundo e vão na sua 5ª edição, com um crescimento absurdo de ano para ano. Eu conheci o concurso, através das redes sociais, na edição de 2023, e participo desde então. Na minha 1ª participação fui finalista (top25) na categoria de Desportos de Raquetes, em 2024 fui finalista (top25) na categoria de Desportos Motorizados e nesta edição, finalmente, consegui ficar nos premiados. Ainda me falta alcançar o pódio e, quem sabe um dia, a vitória numa categoria…

Sendo um concurso de participação gratuita – pelo menos, até agora – e aberto tanto a profissionais como a amadores, o acesso é bastante democrático.

O que significa para si a atribuição deste prémio?

Este top10 na categoria de Desportos Aquáticos deixa-me bastante orgulhoso, uma vez que, desportos de água não são, de todo, a minha especialidade. Foram submetidas mais de 500 fotografias nesta categoria e, por isso, só posso estar muito satisfeito.

Em 2023, na minha primeira participação neste concurso, 700 fotógrafos submeteram as suas imagens à apreciação do júri. Na edição deste ano, em 23 categorias, foram submetidas mais de 13000 fotografias de 2200 fotógrafos de 97 países.

Apesar de existirem muitos amadores a participar, há muitos profissionais também. Alguns mais incógnitos, como eu, mas outros bastante conhecidos e que são uma referência nas respetivas modalidades. Participam neste concurso alguns dos melhores fotógrafos de campeonatos como a NBA, NFL, Formula 1, MotoGP, entre outros Campeonatos da Europa e do Mundo. O vencedor da minha categoria captou a imagem dele nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, e é, provavelmente, umas das fotografias de desporto mais mediáticas de 2024. Ter a minha fotografia ao lado de fotografias deste nível é, sem dúvida, gratificante.

Em relação ao trabalho distinguido: Em que situação foi captada a foto e que mensagem pretende transmitir?

Esta fotografia foi captada em Janeiro de 2024, na Praia do Norte, na Nazaré, durante o WSL Tudor Nazaré Big Wave Challenge, e a surfista na imagem é a Maya Gabeira que, há mais de 10 anos, surfa nas ondas da Nazaré. É uma fotografia captada da falésia, na estrada que dá acesso ao forte, e onde estão milhares de espectadores sempre que alguma competição está anunciada.

Para mim, é uma fotografia que representa a pequenez do ser humano em relação ao oceano e à natureza no geral. E, infelizmente, a Maya já sofreu as consequências dessa pequenez, em 2013, tendo sido retirada da água, inconsciente, após uma queda.

 

Qual a tua situação profissional actual?

Desde 2022 sou fotógrafo freelancer. Sou um dos fotógrafos oficiais da equipa de media do Campeonato do Mundo de Motocross – MXGP e esta é a atividade que mais ocupa a minha agenda.

Quando estou em Portugal, dentro da fotografia, faço um bocadinho de tudo. Embora muitos desses trabalhos não possam ser divulgados nas redes sociais, cá, o que faço é, maioritariamente, reportagem de eventos (desportivos, concertos, congressos, jantares de empresas, etc) e conteúdo para redes sociais de empresas de diversos setores e indústrias (restauração, automóvel, hotelaria, bicicletas, etc).

Também trabalho com estudantes, para captar os momentos altos do seu percurso académico.

Quais são os maiores desafios de trabalhar profissionalmente em fotografia?

No meu caso específico que, desde cedo, quis especializar-me em fotografia desportiva, a maior dificuldade foi, e continua a ser, alcançar clientes que estejam dispostos a investir na comunicação e imagem. A mentalidade das equipas e atletas está a mudar e estão a perceber que não há outra hipótese, ainda assim, todos estamos a par da realidade do desporto em Portugal… Há uma modalidade que domina – mesmo nessa modalidade, os fotógrafos não são assim tão valorizados – e todas as outras modalidades vivem de muito amor ao desporto e sacrifício de todos os envolvidos.

E foi esta dificuldade e os sucessivos “nãos” em Portugal que me fizeram olhar lá para fora, e deu certo.

Ainda estou numa fase muito inicial da carreira mas o “sim” por parte do promotor do Campeonato do Mundo fez toda a diferença. Agora é continuar a trabalhar e a construir relações que possam vir a dar frutos no futuro.

 

Pode fazer uma breve descrição do seu percurso profissional após a conclusão do curso?

Após a conclusão da Licenciatura em Arte e Design decidi que queria especializar-me numa das várias vertentes do Design. Tinha bastante interesse pelas indústrias do mobiliário e do desporto, e decidi especializar-me em Design de Produto.

Tornei-me Mestre em Engenharia e Desenvolvimento de Produto e comecei a trabalhar na região de Águeda, na indústria das duas rodas, a desenvolver produtos para bicicletas. Mas, pelas minhas bases em design gráfico, editorial, fotografia e vídeo, rapidamente comecei a trabalhar mais para o departamento de marketing da empresa do que no desenvolvimento de produto.

Em meados de 2022 tomei a decisão de me despedir e tinha duas hipóteses na balança:

– Dedicar-me a 100% à fotografia (era um hobby antigo);

– Emigrar para um país da Europa Central e continuar no design de produto, na indústria das bicicletas.

Eu estava a trabalhar nessas duas hipóteses, em simultâneo, e, na minha cabeça, iria agarrar a oportunidade que viesse primeiro.

Apesar de ter avançado bastante em processos de recrutamento para empresas na Alemanha, Suíça e Países Baixos, a ida para o Campeonato do Mundo de Motocross tornou-se realidade e a carreira de designer ficou em pausa.

Neste momento, por considerar que os conhecimentos em fotografia não são suficientes para dar resposta às necessidades dos clientes, decidi voltar a estudar e iniciei um novo Mestrado, desta vez em Comunicação Audiovisual para os Novos Media.

Qual a importância que atribui ao curso para o seu percurso profissional?

Arte e Design, pela sua abrangência, foi relevante porque, naquela altura, eu não tinha a certeza em que área do design queria especializar-me. A disciplina de fotografia acabou por não ser muito pertinente porque, naquela altura, eu já tinha mais conhecimentos que os colegas, pelos meus anos como autodidata. Ainda assim, acho de extrema pertinência a inclusão dessa disciplina no plano curricular do curso.

Qualquer designer, artista plástico, pintor, etc, mais dia menos dia, vai precisar de fotografar os seus trabalhos, e ter as bases pode ser bastante útil.

Por outro lado, e apesar de já não trabalhar como designer, muitos dos conhecimentos, especialmente design gráfico e paginação, continuam a ser extremamente úteis no meu dia a dia.

IG: https://www.instagram.com/rafael_ferr/