Diogo Carvalho: um percurso dos sonhos até aos palcos
Desde a sua formação em Teatro e Educação na Escola Superior de Educação de Coimbra, Diogo Carvalho tem construído um percurso notável, combinando a sua paixão pela arte com a constante busca por inovação e transformação social. A sua jornada como ator, encenador, produtor e docente reflete um compromisso firme com a cultura e a educação, sempre com o objetivo de conectar o público com o poder da arte. Em entrevista, partilha a sua carreira multifacetada, os desafios que enfrentou e os sonhos que se tornaram realidade, incluindo a interpretação de Shrek. Acompanhe esta conversa inspiradora sobre o seu trabalho, os projetos que marcaram a sua vida e as suas perspetivas para o futuro no mundo das artes do espetáculo.
Pode fazer uma breve descrição do seu percurso académico e profissional após a conclusão do curso?
Após concluir a Licenciatura em Teatro e Educação na Escola Superior de Educação de Coimbra, iniciei um caminho de contínuo aperfeiçoamento e aprendizagem que tem moldado a minha carreira artística e académica. Prossegui os estudos com um Mestrado em Estudos Artísticos e atualmente sou doutorando em Estudos Artísticos – artes performativas, ambos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde aprofundo a minha investigação sobre a minha paixão pelo Teatro Musical, onde farei um estudo sobre a evolução do Teatro Musical em Portugal entre 1990 e 2024, entre dois grandes criadores: Filipe Lá Féria e Ricardo Neves-Neves. Paralelamente, especializei-me em Produção das Artes do Espetáculo no Instituto Politécnico de Bragança e concluí uma Pós-Graduação em Património Cultural Tradicional e Popular Português no Instituto PIAGET, consolidando uma visão abrangente e interdisciplinar da arte e da cultura tradicional portuguesa.
No campo educativo, o meu percurso tem sido igualmente marcante. Desde 2017, exerço funções como professor e coordenador do curso de Teatro Musical da Dance N’Arts School de Coimbra, onde transmito o meu amor pela arte e incentivo novas gerações a explorarem o seu talento. Paralelamente, enquanto Professor Assistente Convidado da Escola Superior de Educação de Bragança, tive a oportunidade de lecionar disciplinas ligadas ao teatro e à animação artística, unindo o conhecimento académico à prática criativa.
Um marco significativo no meu percurso foi a fundação da minha empresa Diogo Carvalho, Produções Artísticas, Lda, um projeto que nasceu do desejo de levar o teatro e a cultura a todos os públicos. Com a aquisição recente da AtrapalhArte – Produções Artísticas, dei um passo decisivo na expansão desta missão. A AtrapalhArte, com uma história consolidada de levar o teatro às comunidades educativas e culturais, tornou-se um veículo ainda mais poderoso para transformar vidas através da arte.
Ao longo deste percurso, cada experiência, cada palco e cada aula foram oportunidades para aprender, crescer e retribuir. Este caminho, construído com trabalho árduo, paixão, muitas horas mal dormidas e uma visão inabalável, reflete o compromisso de usar o teatro como uma forma de inspirar, educar e conectar pessoas. É uma viagem que continua a ser escrita, sempre com novos desafios, novos públicos e novas histórias por contar e novos projetos para fazer.
Quais foram os principais desafios e oportunidades que encontrou ao longo do seu percurso?
A formação que recebi na licenciatura em Teatro e Educação da Escola Superior de Educação de Coimbra não só lançou as bases para o meu trabalho como ator, encenador e produtor, mas também foi fundamental para a minha integração no ensino superior, especificamente como Professor Assistente Convidado no Politécnico de Bragança. Na Escola Superior de Educação de Bragança, tive o privilégio de lecionar disciplinas no curso de Animação e Produção Artística, aplicando diretamente os conhecimentos adquiridos durante a minha formação académica e ao longo da minha carreira. A combinação de competências pedagógicas, artísticas e de produção cultural que desenvolvi ao longo da licenciatura, que revelou-se indispensável para a condução deste trabalho, onde pude contribuir para a formação de futuros profissionais da área artística.
Paralelamente, a experiência acumulada enquanto ator e encenador permitiu-me abraçar projetos desafiantes, muitos deles com um impacto social e cultural significativo. Um exemplo marcante foi o meu envolvimento em projetos comunitários como o programa “Castelo Sente”, produzido pelo Município de Montemor-o-Velho. Neste contexto, tive a responsabilidade de escrever textos originais baseados em temáticas discutidas e pensadas previamente, alinhadas com as necessidades e expectativas da comunidade local. Estes projetos tinham como objetivo unir a população em torno de um propósito comum, utilizando o teatro como ferramenta para fortalecer laços e dar voz às suas histórias. Trabalhar com 30 a 40 elementos da comunidade local em cada produção foi uma experiência transformadora, tanto para mim como para os participantes, consolidando a ideia de que o teatro é uma poderosa ferramenta de inclusão e expressão coletiva.
Outro destaque foi a minha direção no espetáculo comemorativo do 25 de Abril de 2024, que teve lugar no majestoso Castelo de Montemor-o-Velho. Este projeto foi um verdadeiro desafio logístico e artístico, envolvendo quase 200 pessoas entre elementos da comunidade, grupos de teatro locais, bandas filarmónicas do concelho, atores, declamadores e músicos de renome. Foi uma honra trabalhar com talentos como António Fonseca, Maria Henriques e José Fanha, que trouxeram profundidade às declamações, e com cantores extraordinários como Sara Travassos, Cláudio Dias, Maria Inês Graça e Sérgio Godinho, cuja presença engrandeceu o espetáculo. Um destaque especial foi o trabalho musical de Miguel Alves, atualmente funcionário da ESEC, que elaborou os arranjos musicais de todo o evento, conferindo-lhe uma qualidade técnica e artística de excelência.
Mas a par destes projetos, colaborei no Projeto Trampolim (Caspae); no Projeto de Responsabilidade Cultural da Imprensa Nacional, Casa da Moeda, no Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho em Montemor-o-Velho, entre tantas outras entidades.
Este tipo de projetos comunitários não apenas desafiaram as minhas capacidades de liderança e organização, mas também demonstraram o impacto positivo que o teatro pode ter ao nível local e nacional. A formação recebida na Escola Superior de Educação de Coimbra foi absolutamente essencial para conseguir levar a cabo estas iniciativas. Desde o desenvolvimento das bases pedagógicas necessárias para orientar grandes grupos de pessoas até à capacidade de gerir as dinâmicas complexas de uma produção artística, tudo isto contribuiu para me tornar o profissional que sou hoje.
Os professores do curso de Teatro e Educação na ESEC desempenharam um papel fundamental nesse crescimento. Não apenas transmitiram conhecimento técnico e teórico, mas também partilharam a sua experiência, os seus valores e a sua paixão pela arte. Foram eles que me ensinaram a ver o teatro como mais do que uma forma de expressão artística, mas sim, como uma ferramenta de transformação social, de diálogo, de inclusão e de celebração da cultura. A generosidade dos seus ensinamentos foi uma verdadeira inspiração e um exemplo que levo comigo em cada projeto que abraço.
Ser artista em Portugal é uma jornada repleta de desafios, especialmente para quem está a começar. A sensação de frustração é constante, porque o mercado tem barreiras que parecem intransponíveis. Quando não somos conhecidos, muitas portas fecham, mesmo antes de termos a oportunidade de mostrar o nosso valor. É um ciclo difícil de quebrar: para sermos reconhecidos precisamos de oportunidades, mas sem oportunidades, como alcançar o reconhecimento?
Como surgiu a oportunidade de ser protagonista do musical “SHREK”?
A minha entrada no musical Shrek é uma história que quase parece tirada de um conto de fadas. Em abril de 2023, encontrava-me em Londres e, como um grande admirador do filme e conhecendo bem o musical, decidi visitar o parque de atrações Shrek’s Adventure. Era um sonho antigo, sempre adorei o temperamento peculiar e a profundidade da personagem Shrek. Ele é muito mais do que um ogre, é um herói relutante, carismático, com um coração gigante escondido sob uma camada de teimosia e sarcasmo. Identificava-me profundamente com a sua essência e imaginava como seria desafiante e gratificante dar-lhe vida em palco.
Enquanto passeava pelo parque, em pensamento dizia para mim mesmo: “Como eu adoraria interpretar este papel.” Pouco sabia eu que o destino já estava a alinhar as peças. Alguns meses depois, quando soube que a Yellow Star Company, uma conceituada produtora de espetáculos em Lisboa, estava a preparar um casting para o musical e procurava precisamente o protagonista, não hesitei. Decidi arriscar.
Fiz o casting, onde dei tudo… Lembro-me perfeitamente de onde estava quando recebi o telefonema que mudou a minha vida. Estava a passar de carro por Leiria, a caminho de casa (Coimbra), quando me disseram que tinha sido escolhido para protagonizar Shrek. Foi um daqueles momentos em que o coração quase pára. O choque deu lugar à alegria, e a realização de um sonho tornou-se realidade.
Estreei-me como Shrek no dia 18 de novembro de 2023, no Teatro das Figuras, em Faro, num espetáculo dirigido por Paulo Sousa e Costa e Luís Pacheco, com direção vocal de Carolina Puntel. Após uma calorosa receção do público, fizemos uma temporada no Edifício Cruzeiro, no Estoril, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024. Desde outubro de 2024, estamos em cena no Centro Cultural Malaposta, em Odivelas, onde, em princípio, ficaremos até maio/junho de 2025.
Recentemente, fui convidado a assumir também a direção de cena do musical, um desafio que aceitei com orgulho, confesso, mas que traz muita responsabilidade. Hoje, além de interpretar Shrek, um dos papéis que sempre desejei desempenhar, tenho o privilégio de contribuir para o espetáculo de uma forma ainda mais abrangente. Esta experiência tem sido um dos momentos mais marcantes e emocionantes da minha carreira.
O musical Shrek, baseado no icónico filme da DreamWorks Animation e no livro de William Steig, é uma adaptação da Broadway com libreto de David Lindsay-Abaire e música de Jeanine Tesori. Este espetáculo é muito vibrante e combina humor, emoção e canções inesquecíveis, abordando temas universais como a aceitação, o amor próprio e a importância de sermos fiéis a quem somos. A personagem do Shrek é de enorme relevância, simbolizando a luta contra os preconceitos e a coragem de superar inseguranças para encontrar a felicidade. Para além do Shrek, juntam-se uma série de personagens memoráveis numa aventura cheia de humor e emoção. Entre elas estão Fiona, a princesa com um segredo surpreendente; Donkey (Burro) o hilariante e leal companheiro; Lord Farquaad, o vilão excêntrico e narcisista; e um conjunto vibrante de figuras dos contos de fadas, como Pinóquio, o Lobo Mau, Peter Pan, a Bruxa Má, o Homem de Gengibre e os Três Porquinhos. Cada personagem contribui para a riqueza desta história, que explora temas como a beleza interior, a amizade e a aceitação das diferenças, fazendo deste musical uma obra emocionante e universalmente apelativa.
A magia do Shrek reside na sua mensagem universal: sermos fiéis a nós próprios, independentemente do que os outros possam pensar. É exatamente isso que sinto ao viver este papel e ao partilhar esta história com o público. É a realização de um sonho e a prova de que, às vezes, os contos de fadas podem mesmo tornar-se realidade.
Qual o trabalho que mais gostou de fazer até ao momento?
Escolher um único trabalho que mais gostei de fazer é sempre um grande desafio, porque cada projeto em que me envolvo recebe sempre o melhor de mim. Eu só aceito participar em algo quando sinto uma verdadeira paixão pelo projeto, e isso faz com que cada um tenha um lugar especial no meu coração. No entanto, o musical Amália, Dona de Si ocupa um lugar de destaque no meu coração. Este espetáculo não foi apenas um desafio artístico, mas também a concretização de um sonho de longa data.
Desde os 14 anos que acalentava a ideia de produzir um musical sobre Amália Rodrigues, a maior voz do fado e uma das figuras mais marcantes da cultura portuguesa. Este sonho ganhou forma aos 28 anos, após anos de preparação, dedicação e investimento pessoal. Foi um processo intenso: amealhei recursos durante anos e contei com o apoio de pessoas extraordinárias que acreditaram na minha visão, contribuindo com donativos que permitiram transformar este sonho em realidade.
A concretização do projeto só foi possível graças a parcerias essenciais que trouxeram ao espetáculo uma riqueza e profissionalismo notáveis. O CEARTE foi um parceiro crucial, através do seu curso de Figurinos, cujos formandos criaram peças de alta costura que deram vida ao visual do espetáculo. A Academia de Música de Coimbra proporcionou músicos talentosos, garantindo uma execução ao vivo que trouxe uma profundidade emocional inigualável às interpretações. A DNA – Dance N’Arts participou com a brilhante colaboração do bailarino Afonso Nunes, enquanto o Conservatório de Dança de Vila Nova de Famalicão contribuiu com um grupo de bailarinas cujas coreografias e interações emocionaram e arrepiaram o público.
O design de luz do João Fontes elevou o espetáculo a um nível comparável a produções da Broadway, destacando momentos de emoção com uma precisão luminotécnica impressionante. O texto, lindamente escrito por Jaime Monsanto, capturou a alma e a essência de Amália, permitindo que o público mergulhasse na sua vida e obra de forma tocante e intimista.
Estreamos Amália, Dona de Si no dia 1 de fevereiro de 2021, no grande auditório do Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, num momento de grande emoção e realização pessoal. Este espetáculo percorreu palcos por todo o país e ainda cruzou fronteiras, chegando ao público brasileiro em São Paulo, no Festival de Teatro, onde representámos Portugal. Terminámos a temporada de forma apoteótica no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 29 de janeiro de 2023.
Este projeto foi muito mais do que um espetáculo. Foi uma verdadeira celebração da vida e do legado de Amália Rodrigues, uma homenagem à cultura portuguesa e uma prova de que sonhos, quando acompanhados com dedicação, paixão e parcerias genuínas, podem transformar-se em realidade. O sucesso deste musical não é só o reflexo do esforço individual, mas de uma equipa perfeita que embarcou comigo nesta aventura e que me ajudou a contar a história de Amália da forma grandiosa que ela merece, com o apoio e acompanhamento fiel da Fundação Amália Rodrigues.
Quais os novos projetos para o futuro?
O futuro promete ser uma jornada emocionante e desafiadora, repleta de projetos que vão explorar novos horizontes artísticos, inovar formatos e continuar a levar o teatro a públicos diversos. Um dos principais focos será a expansão das produções teatrais, não apenas em termos de repertório, mas também integrando novas tecnologias e linguagens artísticas, com o objetivo de alcançar públicos ainda mais amplos e diversificados.
Entre os destaques está o musical “Saudade, O Musical”, uma obra com texto original de Carolina Pascoal e letras de António Sala e música original de Paulo Bernardino, um musical que aborda temas universais como o envelhecimento, a solidão, a perda e a demência. Inspirado na história de Arménio, um retornado das ex-colónias portuguesas, este espetáculo cruza memórias individuais e coletivas, trazendo reflexões sobre responsabilidade social, empatia e solidariedade intergeracional. É um projeto de grande sensibilidade que visa iluminar a realidade do envelhecimento em Portugal e promover uma maior compreensão das questões que o envolvem.
Outro projeto que promete emocionar é o espetáculo “Luto-me”, inspirado na obra “Morreste-me”, de José Luís Peixoto, com texto original de Sandra José. Este monólogo mergulha profundamente no processo de luto, explorando a perda de um pai através de uma narrativa poética e visualmente rica, onde memórias, sonhos e objetos do quotidiano se entrelaçam. Com uma abordagem intimista, esta produção pretende transformar o palco num espaço de catarse e partilha emocional.
No âmbito das produções musicais, vivi um momento muito especial em dezembro de 2024 com a circulação de “O Natal das Bruxas”, baseado na obra de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Este projeto tem um significado profundo para mim, pois é a concretização de um sonho que nasceu no 5.º ano de escolaridade, quando a minha professora Ana Camacho (ex aluna da ESEC) apresentou a história em aula. A adaptação envolveu o trabalho conjunto com a própria Ana Camacho e a Ana Queirós. A Ana Camacho que ainda colaborou na escrita das letras, cenários e figurinos, e contou ainda com músicas originais de Pedro Ferreira (Ex-aluno da ESEC) e encenação minha. Este espetáculo, que já é um sucesso, continuará a encantar públicos em 2025.
“A Revolução Está no Meu Sótão?”, um espetáculo comemorativo do 25 de Abril, será outra grande estreia em 2025. A peça celebra a liberdade e a história de Portugal de forma vibrante e reflexiva. Contracenar com Tânia Orchid será um privilégio, e espero que este espetáculo inspire o público a valorizar ainda mais os ideais que moldaram a nossa democracia.
Outro momento marcante será a estreia do musical “O Cabaret da Irmã Anita: Uma Aula Inesquecível”, em junho de 2025, local a anunciar em breve. Este será o primeiro espetáculo desta comédia musical da Broadway, da autoria de Dan Goggin, a ser apresentado em Portugal, com autorização da Concord Theatricals USA. Com encenação de Jaime Monsanto, darei vida à freira Anita, numa produção divertida, irreverente e cheia de surpresas que promete cativar o público ao lado do pianista Pedro Ferreira.
Na área educativa, há também grandes planos para o futuro, incluindo o espetáculo “Sabes Mais que um Poema de Dez Cantos?”, que revisita a obra de Luís de Camões de forma acessível e envolvente, e uma adaptação musical (ópera-rock) inovadora do clássico “Auto da Barca do Inferno”, com dramaturgia e encenação de Jaime Monsanto. Além disso, pretendo explorar o teatro para bebés, porque acredito que nunca é cedo demais para criar laços com a arte.
Outro desafio que me entusiasma é a adaptação do musical “Os Saltos do Pai”, de Jose Warletta, uma comédia vibrante e emocionante que celebra o universo drag queen. Este espetáculo, que aborda a alegria, a diversidade e o orgulho, será uma produção corajosa e necessária para os tempos atuais.
Em 2026, concretizarei um sonho de longa data: produzir e encenar o famoso musical da Broadway “Chaplin, o Musical”, sobre a vida do icónico Charlie Chaplin. Como responsável pelos direitos da Broadway Licensing em Portugal, estou determinado a fazer justiça à grandiosidade desta obra e apresentar um espetáculo memorável ao público português.
Estes projetos representam apenas o início de um futuro cheio de desafios, mas também de conquistas e sonhos realizados. Trabalho, graças à minha persistência e teimosia, não me tem faltado. Enquanto somos jovens, acredito que devemos aproveitar todas as oportunidades, aprender com os outros e extrair o melhor de cada experiência. A base sólida que recebi durante a minha formação, assim como o apoio de professores, colegas, amigos e família continua a ser um alicerce fundamental no meu caminho. O futuro será uma celebração contínua da arte, da cultura e da minha paixão pelo teatro!
Que conselho daria a um atual aluno de Teatro e Educação para uma melhor integração no mercado de trabalho?
Aos estudantes de Teatro e Educação, diria que o segredo para o sucesso reside na constante evolução e na busca incansável pelo aperfeiçoamento, tanto ao nível académico como na prática profissional. O teatro é uma arte viva, e para se destacar no meio, é fundamental investir na formação contínua, explorar novos conhecimentos e habilidades que irão enriquecer a vossa capacidade criativa. Aproveitem ao máximo as oportunidades de estágio, das aulas, dos professores, das idas ao teatro, ao cinema, dos livros que temos de ler, dos museus que visitamos, as experiências extracurriculares e, acima de tudo, as redes de contacto que vão criando durante e pós o curso, pois, como todas as artes, o teatro vive de pessoas e das conexões que nós construímos.
Ser persistente é essencial, a jornada artística nunca é linear, e a paciência e a determinação são as chaves para superar os obstáculos que surgem. Não tenham medo de ousar, de explorar diferentes vertentes da arte, seja na interpretação, na encenação, na produção, no ensino ou noutras áreas que o mercado oferece. O mundo do teatro é vasto, e há sempre um espaço para aqueles que estão dispostos a aprender e a se reinventar.
Contudo, o mais importante de tudo é manter viva a paixão que nos faz seguir este caminho, essa chama interior que nos impulsiona para o palco, para a sala de aula, para a criação. O teatro é uma arte que exige não só técnica, mas também entrega e emoção. A paixão pela arte é a verdadeira força motriz do trabalho de um artista, e é ela que, no final, faz a diferença. Nunca percam de vista a razão pela qual escolheram este caminho, porque é ela que vai inspirar o vosso trabalho e, inevitavelmente, a vossa integração num mercado de trabalho que exige criatividade, comprometimento e, sobretudo, coração.