Estudo “Portugal a Brincar” revela a importância do Brincar no Desenvolvimento Infantil
A Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), o Instituto de Apoio à Criança (IAC) e a Estrelas&Ouriços apresentaram os resultados do inquérito “Portugal a Brincar”, na 4ª Conferência Estrelas&Ouriços realizada a 3 de outubro, na IMPRESA, em Paço de Arcos. O relatório destaca a importância do brincar no desenvolvimento das crianças até 10 anos em Portugal, relevando dados significativos sobre a perceção dos pais.
De acordo com o estudo, cerca de 36% dos pais gostariam que os filhos brincassem um mínimo de 5 horas por dia, enquanto 92% dos inquiridos refere que brincam com os filhos. No entanto, um dado preocupante destaca que 40% dos pais consideram a falta de energia, resultado da carga de trabalho diária, como a principal barreira para brincarem mais com os filhos. “É alarmante que muitos pais sintam que não têm energia para dedicar ao brincar, que é essencial para o desenvolvimento das crianças, afirmou Rui Mendes, coordenador científico do estudo e docente do Grupo Científico e Disciplinar de Ciências do Desporto e Motricidade da ESEC, que coordena.
Um dado positivo revelado pelo estudo é que 84,4% dos pais gostam de ver os filhos sujos porque é um sinal de que estiveram a brincar. Também mais de 78% dos pais já ensinaram brincadeiras ou jogos tradicionais da sua infância aos filhos, transmitindo assim tradições lúdicas.
O coordenador do estudo salienta a evolução da visão dos pais sobre o brincar: “Inicialmente, o brincar era visto apenas como uma forma de ocupação e diversão. Agora, há uma crescente perceção de que brincar é fundamental para a criatividade e a imaginação das crianças.”
No entanto, o estudo também aponta uma diminuição do tempo que as crianças passam a brincar ativamente, em parte devido ao uso excessivo de tecnologias digitais. “É preocupante que, embora as crianças tenham acesso a mais brinquedos não digitais do que se pensava, muitos pais ainda veem o brincar com tecnologia como irrelevante para a atividade motora”, Referiu Rui Mendes.
Apesar de o estudo não analisar o tempo dedicado ao brincar nas escolas, Rui Mendes refere que a questão do tempo de recreio na escola é outro ponto crítico. Para o docente da ESEC, os 30 minutos de recreio são insuficientes para que as crianças consigam realizar atividades como alimentar-se e ir à casa de banho, além de brincar. “É essencial repensar a gestão dos recreios para garantir que as crianças tenham tempo efetivo para brincar, que é crucial para o bem-estar e desenvolvimento”, concluiu o investigador.